Indianara Maria Alves Silva[1]
Palavras-chave: Transtorno de Personalidade Borderline.
Análise do Comportamento. Behaviorismo Radical.
Personalidade, segundo
Skinner (1974, p. 130), “é um repertório de comportamento partilhado por um
conjunto organizado de contingências”. Um transtorno de personalidade é um padrão
persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia acentuadamente
das expectativas da cultura do indivíduo, é generalizado e inflexível, tem
início na adolescência ou no começo da idade adulta, é estável ao longo do
tempo e provoca sofrimento e prejuízo. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993).
Entretanto para os behavioristas não é útil prender-se somente às
características topográficas e descritivas para se fazer o diagnóstico dos
transtornos de personalidade, se faz necessário uma análise funcional do
comportamento de cada indivíduo.
O termo Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), como assim se intitula
em várias obras especialmente o manual de Classificação de Transtornos Mentais
e de Comportamento da CID-10 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993) e Manual de
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV (ASSOCIAÇÃO DE PSIQUIATRIA
AMERICANA, 1995. Sendo assim, os
referidos manuais fornecem aspectos diagnósticos e características acerca da
instabilidade no âmbito emocional, auto-imagem, objetivo, preferência,
impulsividade e sentimento de vazio (ASSOCIAÇÃO DE PSIQUIATRIA AMERICANA, 2002);
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993) presente no transtorno supracitado, uma
vez que nos questionamos como se dá o
processo de aquisição e manutenção de comportamentos de indivíduos que possuem o
referido “transtorno de personalidade”, sendo este funcional, na filosofia
behaviorista radical, que estuda o comportamento humano, onde a personalidade é
definida como um padrão de comportamentos ou repertórios comportamentais
(SKINNER, 2003); (SOUSA, 2004).
O Manual de
Diagnósticos e Estatísticos de Transtornos Mentais DSM-IV e a Classificação de
Transtornos Mentais e do Comportamento da CID-10, uma vez que se propõem a um
melhor diagnóstico dos transtornos de personalidade, são apenas descritivos
para rápido diagnóstico e ateóricos que dão-nos apenas uma classificação
topográfica e categórica dos comportamentos (EPPEL, 2005), (SOUSA, 2004).
Entretanto, para melhorar a compreensão dos comportamentos, é viável o uso da
análise funcional que é a partir da análise das variáveis, das quais os
comportamentos são função, que podemos conhecer como são adquiridos e mantidos
os comportamentos. (SKINNER, 2003, P.38)
É evidente que um analista do comportamento não
usaria somente essa classificação topográfica, uma vez que não identificaria as
variáveis que controlam o comportamento, o que poderia causar rotulações em
torno de comportamentos que não se ajustam a indivíduos diferentes com histórias
de aprendizagem distintas e com funcionalidade dos comportamentos diferentes
(SOUSA, 2004). Essas limitações são decorrentes
dos sintomas que não envolvem todas as queixas apresentadas pelos os pacientes,
o que dificulta fazer diagnósticos fechados, e que não deve ser utilizado como
única fonte de conhecimento especializado, pois é apenas um sistema de diagnóstico
categorial. (SOUSA, 2004), (MATOS, 2001).
Entretanto as vantagens
da utilização desses manuais são que eles conseguem fazer ponte de comunicação
com profissionais de diversas áreas, como psiquiatras, médicos, psicoterapeutas
e psicólogos, estabelecendo assim parcerias para o desenvolvimento de técnicas
psicoterápicas e um melhor diagnóstico que promovam a melhoria da qualidade de
vida do cliente. (MATOS, 2001; CAVALCANTE; TOURINHO, 1998 apud SOUSA, 2004)
As vantagens da
utilização de um sistema de classificação e diagnóstico é que dar maior
visibilidade ao terapeuta de mudanças de comportamentos, que não estavam no
repertório do cliente dentro das sessões, levando a melhora ou piora durante a
psicoterapia, dando maior visibilidade do processo contínuo para se chegar ao
comportamento desejado. ( KOERNER E
OUTROS,1996 apud SOUSA, 2004)
Transtorno de Personalidade segundo o Behaviorismo Radical
O behaviorista radical rejeita a existência de um “eu” “interior’
como agente causador dos comportamentos, como por exemplo, um indivíduo possui
uma personalidade que é responsável pela ação dos comportamentos. Não podemos
atribuir as causas dos comportamentos à personalidade, pois a mesma é tida para
como uma definição para um conjunto de comportamentos, não a causa dos mesmos.
Por isso na linguagem behaviorista radical esse “eu” é definido
como um leque de comportamentos funcionais e unificado sendo controlados pelas
suas variáveis de controle (estímulos discriminativos e conseqüências),
aprendemos através das conseqüências quais comportamentos serão punidos ou
reforçados em um dado contexto e passamos a emiti-lo sobre controle desse
contexto. Portanto personalidade é aprendida devido a essas relações
multideterminadas de controle que modelam repertórios idiossincráticos (SKINNER,
2003), (SOUSA; VANDENBERGHE, 2005), (SOUSA, 2004, 2003); Fatores que estarão
atuando na personalidade são de três níveis: filogenético, ontogenético e
cultural, a articulação desses três níveis e que poderão manter padrão
consistente de respostas, devido à reforçamento e que serão modeladas pelas
conseqüências sendo denominadas de Personalidade. (SKINNER, 2003) (SOUSA;
VANDENBERGHE, 2005; SOUSA, 2004, 2003);
Personalidade pode estar relacionada a um tipo particular de
contexto- quando um conjunto de respostas de organiza perante a um estímulo
discriminativo:
Tipos
de comportamentos que são eficazes ao conseguir reforço em uma dada ocasião A
são mantidos juntos e distintos daqueles eficazes na ocasião B. Então a
personalidade de alguém no seio da família pode ser bem diferente da
personalidade na presença de amigos íntimos (SKINNER, 2003, p.321)
Ou seja, personalidade é apenas um conceito ou sistemas de
resposta para determinado tipos de contingências e que pode variar em
decorrência da variação das contingências. Por exemplo: em um dado contexto há
todas as variáveis que façam com que o individuo se comporte de tal modo como
é, e em outro dado momento há outras variáveis atuando sobre seu comportamento
que façam se comportar de outra maneira, com isso o indivíduo possui sistemas
de resposta condizentes a diferentes circunstâncias. (SKINNER, 2003, p. 313)
Falar de personalidade é o mesmo que falar em padrões sólidos de
se comportar devido a história de reforçamento intermitente do indivíduo que se
torna resistente a extinção, a cultura prescreve e reforça a padrões
consistentes de comportamento, até mesmo para poder prever e controlar o
comportamento e quando o sujeito não apresenta esses padrões e considerado
anormal ou psicopatológico com transtorno. (SOUSA; VANDENBERGHE, 2005; SOUSA,
2004, 2003; SKINNER, 2003).
[1]
Graduada
no Curso de Psicologia Na
Universidade Estadual do Piauí. dnha13@hotmail.com. (86) 8822-5778.
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