Entrevista com Indianara Silva


Entrevista humildemente cedida pela nossa colaboradora Indianara e os alunos de psicologia da Faculdade Santo Agostinho - FSA 

Nome: Indianara Maria Alves Silva
Curso: Bacharel em Psicologia pela Universidade Estadual do Piauí-UESPI
Ano de Formação: 2011.2
Abordagem Teórica: Analítico-Comportamental (Clinica) ou Comportamental.
Área de atuação atualmente: Acompanhante Terapêutico (AT) de Crianças com Transtorno do Desenvolvimento, com Autismo. E de Pessoas Adultas com Transtornos Psicopatológicos.
Entrevistadores: Alunos do 1º bloco de Psicologia da Faculdade Santo Agostinho- FSA em Teresina-PI
Disciplina: História da Psicologia.
Alunos: Fábio Carvalho, Felipe Soares, José Domingos, Raphael Barros e Verônica Castro.

Perguntas:
01: Qual o Objeto de estudo da Psicologia, segundo sua abordagem teórica.
R. Estudamos o comportamento enquanto objeto de estudo, uma vez que esse comportamento nada mais é do que o organismo (pessoa) em interação com o mundo, com as pessoas, com objetos, com animais, com tudo que faça o homem se relacionar chamamos de comportamento. Exemplo de comportamento que trabalhamos na clinica é o comportamento verbal do cliente que verbaliza a todo o momento que está tendo pensamentos recorrentes de suicidar-se. O simples ato de pensar é um comportamento que podemos atuar enquanto profissional comportamental, tal como também a resolução de um problema. Em suma nosso objeto é o comportamento sendo que ele é uma relação e sendo relação há reciprocidade do organismo (pessoa) com o seu mundo (privado, que só ele tem acesso, a exemplo o pensamento) e com o seu ambiente social, familiar, escolar, religioso e trabalhista.

02: Como sua Abordagem Compreende o ser humano?
R. O ser humano é visto como um ser ativo, que ao mesmo tempo em que agi no mundo, sofre as consequências dos seus comportamentos, e as mesmas retroagem tanto no próprio comportamento do individuo como no comportamento de outras pessoas.  Seu comportamento é selecionado pelos os três níveis de seleção do comportamento humano que são: 1ª nível de seleção filogenético: que seleciona um aparato fisioquímico e biológico da qual todos os seres humanos são determinados a possui e se comportar nesse estado; 2ª nível de seleção ontogenético: que é o nível onde o ser humano se comporta e as consequências do seu comportar selecionam sua maneira de ser enquanto homem único e insubstituível, porque é a aqui que torna o homem único e idiossincrático, de modo que ao se relacionar com o mundo, vai selecionando sua história de vida, sua história de aprendizagem única, que ninguém possui a mesma história ontogenética de aprendizagem, é aqui que o ser humano se torna operante. Operante porque opera no seu ambiente (familiar, escolar, trabalho, grupo de religião, grupo de amigos, grupo social,) e tanto pode ser influenciado pelo mundo como também influencia ele, numa relação reciproca e nunca passiva.

3ª nível de seleção do comportamento é o cultural: onde não podemos ver o homem somente pelo anglo único de um só ser, pois esse ser é social, que depende de uma cultura para viver, para se relacionar, para trabalhar, está inserido numa classe social, numa cultura, em grupos sociais, em determinado grupo religioso, desempenhando determinados papeis. Esse nível de seleção também seleciona comportamentos que visto sobre a ótica do único ser, não poderia ser compreendido. Precisamos estudar as praticas culturais e religiosas, pois elas são produzidas pelo homem que tanto as crias como sofre as suas consequências no seu comportamento.
Portanto o ser o humano é compreendido como um agente ativo possuidor de repertórios comportamentais selecionados pela biologia, cultura e por ele mesmo ontogenéticamente (se comportando, influenciando e sendo influenciado) a todo o momento e a todo instante. Esse repertório comportamental foi aprendido desde a concepção, passando pelo período de gestação até chegar à velhice. Sendo que esse repertório é passível de modificação, ou seja, o ser humano é capaz de aprender infinitas maneiras de ser comportar, basta para isso ser estimulado.

03: Fale do seu processo de escolha de abordagem.
R. O processo de escolha de abordagem foi com o ingresso, no 2º bloco, em grupos de estudos (GEAC) sobre a filosofia da ciência Análise do Comportamento que acontecia na UESPI- FACIME, mas tarde ingresso numa Liga Acadêmica de Análise do Comportamento (LIAAC-PI), posterior, ainda no 4º bloco, comecei a trabalhar como Acompanhante Terapêutico (AT) sob supervisão de  Profissionais que faziam as supervisão de como atuar nessa abordagem e fui monitora das disciplinas:  Análise Experimental do Comportamento I e II e dos grupos de estudantes do GEAC( Grupo de Estudos em Análise do Comportamento), depois ingressei  em grupos de estudos na FACIME-UESPI (Faculdade de Ciências Médicas) com supervisões semanais de profissionais da Área sobre clinica infantil. Depois, já no 6º bloco, participei de congressos Norte, Nordeste e Sul sobre psicologia que acontecem anualmente, com apresentação de trabalhos e relatos de Experiência na área. Também ingressei numa Sociedade de Psicologia Chamada SPPC (Sociedade Piauiense em Psicologia Cognitiva e Comportamental).   No 9º e 10º bloco fiz Estágio profissionalizante (Duração de um ano) em Clinica Comportamental com supervisor na área bem como cursos sobre Terapia Analítica- Comportamental.   Tudo isso foi importante para o meu processo de escolha da Abordagem Profissional.

04: Quais as limitações em sua abordagem teórica?
R. Bem! A meu ver essa abordagem respondeu e responde as todas as minhas perguntas acercar da visão sobre o homem, com sua filosofia e de como se trabalhar, tanto na Clinica, como na Organização, no CRAS, no CREAS, nos CAPS, na área  Escolar, no  Esporte, ou seja, onde houver uma pessoa ou grupo  se comportando nós  podemos  atuar, eticamente me reportando ao fazer do Psicólogo!!!. Portanto, vejo que as limitações seriam: Enquanto Ciência, ela tem respondido aos questionamentos dos pesquisadores, dos clínicos e dos profissionais em geral, mas como toda ciência, ela sempre terá falhas porque senão não seria ciência, que está sempre indagando sobre o comportamento humano.
Vejo que as limitações vão depender de cada profissional, pois cada um faz da ciência o que está ao seu alcance de visão enquanto profissional, pois EU enquanto profissional, que atuo e represento a ciência devo sempre me indagar sobre minha prática, avaliando as suas consequências, seus efeitos e o momento certo de modificá-la sempre voltado para o bem do outro que necessita da prática psicológica.
A Análise do Comportamento passou muito tempo no estudo do comportamento do ser único, tendo como consequência disso muitas tecnologias e conhecimento teórico, acerca do comportamento animal e humano, internacionalmente reconhecido. Porém acerca dos problemas que afligem a humanidade tal como conter a violência urbana, a poluição ou mesmo grandes índices de violência domestica, ou seja, conhecimento e tecnologias sobre as praticas de grupos, a análise do comportamento está a menos de 30 anos estudando e respondendo sobre esses fenômenos e tem ainda muito a contribuir com a ciência.

05: Que faixa de etária tem maior adaptabilidade a sua abordagem?
R. Tiver a oportunidade de trabalhar com crianças, adolescentes e adultos enquanto Terapeuta Comportamental (Clinica) e com idosos na área Comunitária em Unidades Básicas de Saúde. Não tive dificuldade de Adesão em nenhuma dessas faixas etárias, pelo contrário cada uma dela tem a sua peculiaridade e seu diferencial. Então pude observar que cada uma responde de maneira diferente que não daria para mensurar qual delas é mais adapta a minha abordagem.

06: E qual a faixa etária é mais arredia? Ou não há diferença?
R. Como cada uma se comporta de maneiras diferentes, não vejo que seja arredia, vejo que existe mais fatores ou variáveis diferentes,  que fazem com que cada uma tenha um diferencial na maneira de ser comportar, o que aqui não estou afirmando que seja uma regra! Mas o terapeuta precisa perceber essa diferença para se comportar perante cada faixa etária. Na Abordagem comportamental o que faz a diferença não é faixa etária e sim a história de aprendizagem idiossincrática que faz do ser um pessoa única!  Nós enquanto terapeutas utilizamos a Análise funcional para conhecer os fatores que atuam sobre o comportamento de cada indivíduo não se esquecendo de que esses fatores podem ser  fatores filogenético, ontogenético e cultural, pois com a  Análise funcional  saberemos porque o individuo se comporta dessa ou daquela maneira.

07: Se fosse escolher outra abordagem psicológica para trabalhar, qual seria?
R. No momento, só escolheria outra abordagem se não existisse a Análise do Comportamento! Tive oportunidade de conhecer as outras abordagens bem como supervisores das outras áreas, fiz leituras e trabalhos de outras áreas, tenho respeito e admiração, sabendo que cada abordagem tem seu espaço e seu devido mérito. Sei também que cada uma tem uma base Epistemológica e Filosófica diferente, então para escolher outra abordagem teria que começar a estudar desde o 2º bloco ou me dedicar muito tempo como foi com a área Análise do Comportamento.

Obrigada!

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