Adriana de Oliveira
Palavras-chave: tabagismo, consumo do cigarro, tratamento do tabagismo.
O tabagismo tem sido considerado um dos maiores causadores de mortes em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, quatro milhões de pessoas morrem a cada ano devido a doenças causadas diretamente pelo uso do tabaco (Gigliotti, Carneiro & Ferreira, 2001). Só no Brasil, estima-se que 80 a 100 mil mortes ocorrem anualmente desencadeadas pelo uso do tabaco. Dados do Governo Federal (2005) apontam que no Brasil, aproximadamente 24% da população fuma, sendo 11,2 milhões de mulheres e 16,7 milhões de homens. Cerca de 90% dos fumantes ficam dependentes da nicotina entre os cinco e os 19 anos de idade. Todavia a grande concentração de fumantes encontra-se entre 20 e 49 anos de idade. Atualmente, temos 2,4 milhões de fumantes nessa faixa etária.
Ultimamente, as pessoas têm reconhecido os malefícios do cigarro, porém, muitas pessoas ainda desconhecem a sua total dimensão. Acredita-se que inúmeras doenças estão associadas ao uso do tabaco, como, câncer na cavidade oral, faringe, laringe, estômago. Destaca-se ainda, as bronquites, enfisema pulmonar, aneurismas e enfartos. Além das doenças físicas, estudos epidemiológicos apontam para uma associação entre tabagismo e transtornos psicológicos, incluindo ansiedade e depressão (Valença, Nardi & Nacimento, 2001). Acredita-se que pacientes com transtornos psicológicos podem fazer uso mais freqüente do cigarro, muitas vezes sendo isto a única fonte de prazer que estes têm, assim, quando fazem uso do cigarro relatam que se sentem mais calmos e confiantes. Estes autores destacam ainda para um estudo realizado por Himle (1988 cit. In Valença, Nardi & Nacimento, 2001) com pacientes que apresentavam transtornos de ansiedade, encontrou-se elevadas prevalências de tabagismo em pacientes com agorafobia (57%), transtorno de pânico (TP) (47%), fobia simples (47%) e baixa prevalência em transtorno obsessivo-compulsivo (9%).
Acredita-se que 90% dos fumantes começam a fumar na adolescência, e são motivados a experimentarem o cigarro por influencia do grupo social que estão inseridos. Estima-se que um terço das pessoas que chegam a fumar um cigarro, tornam-se dependentes da nicotina e apenas 1 a 5 % conseguem parar de fumar depois da primeira tentativa sem tratamento específico (Gigliotti, Carneiro & Ferreira, 2001).
Nota-se que a dependência no uso do tabaco não é somente orgânica, destaca-se para a dependência comportamental que podem ser observados nos fumantes. Os fumantes acabam associando o uso do cigarro a inúmeras situações do dia a dia. Como, sexo, eventos sociais, bebidas, lazer, trabalho, refeições. Assim, percebe-se que muitos fumantes afirmam que precisam fumar quando estão ansiosos, tensos, ou quando estão trabalhando sobre pressão ou ainda quando saem com amigos, nos passeios, happy hour depois do trabalho, atividades com família. Assim, o uso do cigarro torna-se associado tanto a situações estressantes como situações agradáveis.
Vale ressaltar que a compreensão de tais associações será fundamental para o tratamento, pois quando o uso do cigarro for interrompido, esses contextos serão desencadeadores de “desejo” por parte dos ex-fumantes, a consumir mais um cigarro.
Tratamento
O tabagismo não deve ser visto somente como uma dependência química, mas deve ser compreendido como um comportamento que é influenciado tanto por fatores externos como internos do indivíduo. Isto pode ser evidenciado quando observado que em determinados contextos e situações, a freqüência do consumo do cigarro é maior que em outros. Posto isso, na realização do tratamento, deve-se considerar todos os fatores que influenciarão no consumo do tabaco. Para tanto, primeiramente, deve-se buscar uma análise detalhada do padrão de consumo do indivíduo, como, as situações que mais fuma, os horários, atividades associadas, sentimentos presentes ao consumo, dentre outros. Além disso, procura investigar a presença de outros fumantes no seu ciclo social, pois a convivência com outros fumantes durante o início do tratamento pode dificultar no trabalho a ser realizado.
No estabelecimento de metas dentro do tratamento, alguns cuidados deverão ser tomados, pois as circunstâncias as quais os indivíduos estão inseridos podem dificultar ou facilitar no tratamento. Por exemplo, períodos de muito estresse psicológico, sobrecargas de trabalho, horas contínuas de estudo, morte de parentes próximos podem aumentar a ansiedade na vida do indivíduo e conseqüentemente a taxa de consumo do cigarro. Por outro lado, um planejamento detalhado, com metas bem estabelecidas de curto, médio e longo prazo, pode facilitar no tratamento, pois poderá diminuir a frustração e a ansiedade por uma mudança rápida, respeitando o ritmo do indivíduo.
Deverá ser desenvolvido ainda, comportamentos de enfrentamentos, ou seja, preparar os fumantes para enfrentarem situações, nas quais, podem se sentirem mais ansiosos por consumir cigarros. Isto também será fundamental para prevenir recaídas, fazendo necessário levantar as situações e os contextos nos quais os indivíduos sentem mais vontade de fumar. Deve-se trabalhar também, com atividades concorrentes ao uso do cigarro, dificultando assim o seu consumo. Como o engajamento em alguma atividade física, ou o monitoramento dos horários que os indivíduos poderão fazer uso do cigarro, assim ele deverá escolher entre duas atividades prazerosas, como brincar com a filha ou sair para fumar.
A retirada gradual é a melhor maneira de se iniciar um trabalho com os fumantes, pois à medida que a pessoa vai parando, esta vai se engajando em novas atividades. Além disso, a diminuição gradual, facilita na adaptação do organismo, abaixando as taxas de nicotina no organismo de forma mais suave. Para tanto, pode-se iniciar o tratamento restringindo os lugares que o indivíduo poderá fumar, os horários e aumentando gradativamente esses intervalos.
Deixar de fumar pode se constituir como uma tarefa difícil de ser realizada, por isso a busca por tratamento especializado pode facilitar e tornar a tentativa eficaz.Quando mais tentativas o fumante de engajar para romper com o consumo do cigarro, mais difícil pode-se tornar para ele conseguir parar. Assim, vale ressaltar também a necessidade de se estabelecer metas a serem alcançadas de forma que o próprio tratamento não acabe sendo mais um fator desmotivador.
Referências Bibliográficas
Gigliote, A. Carneiro, E. e Ferreira, M. (2001). Tratamento do tabagismo. Em B. Range (Org.). Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: um diálogo com a psiquiatria (pp. 449-460). Porto Alegre: Ed Artmed.
Valença, A. M, Nardi, A. E. & Nascimentos, I. (2001). Transtorno de pânico e tabagismo. Revista Brasileira de Psiquiatria, 23, no.4, 229-232.
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Postado por Ítalo Sobrinho
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