Análise Comportamental Clínica - A Psicoterapia Analítico Comportamental (PAC)


A Psicoterapia Analítico-Comportamental (PAC) é a aplicação da abordagem da Análise do Comportamento à psicoterapia (Castanheira, 2002). A PAC parte da necessidade das pessoas de melhorar suas vidas, em lidar de forma bem-sucedida com o controle coercitivo e em liberta-se daquilo que mais lhes incomoda ou prejudica . As principais metas dos psicoterapeutas analítico-comportamentais são: buscar uma compreensão adequada das dificuldades do cliente, propor estratégias e realizar uma intervenção cuidadosa baseada na análise funcional do comportamento (Castanheira, 2002). Além disso, segundo Skinner (1953,1994), os psicoterapeutas analíticos-comportamentais têm também como objetivo levar o cliente à auto-observação e ao autoconhecimento, oferecendo uma melhor qualidade de vida e uma independência maior para a resolução de problemas futuros.

Dentre as influencias do Behaviorismo Radical na PAC, encontra-se:

a) A rejeição do modelo médico, o qual presume uma causa patológica mental e sintomas comportamentais.

b) A utilização de uma abordagem ideográfica em contraposição à nomotética. Ou seja, defende que cada padrão comportamental possui determinantes individuais particulares. Em outras palavras, sublinha a asserção de que cada casa é um caso, opondo-se a generalizações com base em psicodiagnóstico e em intervenções tecnicistas.

c) Ênfase na origem aprendida dos padrões comportamentais de relevância clínica, sem desconsiderar a genética e a cultura.

d) Negação da distinção entre comportamento normal e anormal. Para a PAC, a distinção entre a normalidade e anormalidade é meramente de ordem social, e não da natureza do comportamento. Assim, o comportamento normal pode ser descrito pelo mesmo conjunto de leis que o comportamento anormal.

e) Trata o comportamento por ele mesmo, e não como sintoma de um conteúdo mental subjacente. O comportamento é definido como uma relação entre o organismo e o ambiente, seja esse público ou privado. A pesquisa profunda (radical) do psicoterapeuta analítico-comportamental não se da nas profundezas da mente, e sim, nas profundezas da relação do comportamento com o ambiente atual e histórico.

f) Mesmo levando em consideração a história de estabelecimento dos padrões comportamentais de relevância clínica, a intervenção é centrada nas contingências atuais mantedoras de tais padrões.

g) A intervenção na PAC não se dá na tentativa de se modificar causas mentais, uma vez que estas não existem, e sim, se dá no nível da modificação das variáveis ambientais responsáveis pelos comportamentos de relevância clínica (Medeiros, 2002).

Segundo Rangé (1995) um procedimento fundamental da PAC é a análise funcional do comportamento. Esse é um empreendimento que objetiva identificar relações funcionais entre comportamento (variável dependente) e seus determinantes ambientais (variáveis independentes) atuais e históricos. Qualquer intervenção analítico-comportamental deve partir de uma análise funcional, uma vez que as relações funcionais entre o comportamento e seus determinantes são subjetivas.

Em outras palavras, é inútil classificar alguém como portador de transtorno obsessivo-compulsivo, por exemplo, e aplicar uma técnica padronizada. As intervenções analítico-comportamentais partem do princípio básico de que cada pessoa demanda uma análise funcional individualizada para os seus comportamentos e uma atuação terapêutica personalizada diante dos mesmos.
É de fundamental importância  considerar a unicidade da história de vida de cada indivíduo e sua forma única de agir no mundo ou de comporta-se. A intervenção terapêutica deve ser norteada pela unicidade de cada comportamento emitido pelo cliente, por suas diferentes variáveis controladores e, inclusive, levando-se em consideração os comportamentos (públicos ou privados) do próprio terapeuta. Nesse sentindo, emerge a necessidade de avaliar o conceito de Relação Terapêutica como um dos principais instrumentos de mudança utilizado na clínica analítico-comportamental.

Postado por Ítalo Sobrinho
Escrito por Ana Karina C.R de-Faria e colaboradores
Livro: Análise Comportamental Clínica

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigado por Reforçar comentando no meu blog
Agradeço a visita e comentário! Logo ele será respondido!