Compreender o Behaviorismo - Walden Two - Segunda Parte - 2/3



Objeções

Em Walden Two e Beyond Freedom and dignity, Skinner tentou responder às objeções feitas a sua concepção de sociedade em experimentação. Começa mostrando que, gostemos ou não, já existe uma tecnologia comportamental - em estágio rudimentar talvez, mas em crescimento. Já não há mais qualquer dúvida de que as ações das pessoas podem ser controladas por relações de reforço planejadas para esse fim. A pergunta é como esse conhecimento será usado.

A primeira objeção pode ser colocada do seguinte modo: sua concepção é errada, porque mesmo que seja possível controlar as ações das pessoas no laboratório, esse é um ambiente de condições artificiais e simplificadas que não tem nada em comum com as complexidades do mundo real. Skinner respondeu mostrando que os experimentos em física e química são igualmente realizados em condições artificiais e simplificadas, contudo, ninguém duvida que seus resultados possam ser aplicados no munndo real. Não é necessario que o controle seja perfeito para que pessoas pode ser explorado. Felizmente, pode haver também usos mais construtivos - gerenciamento comportamental, em salas de aula e instituições para doentes mentais, por exemplo. Em Walden Two, Frazier sugere que houve falhas, mas não há nenhuma dúvida do que a tecnologia funciona. Skinner (1971) instou aqueles que rejeitariam uma tecnologia comportamental por ser muito simples a examinarem a alternativa:

Uma supersimplificação, realmente grande, é representada apelo tradicional a estados da mente, sentimentos e outros aspectos do homem autônomo que a análise comportamental está substituindo. A felicidade com que podem ser inventadas explicações mantalistas Ad hoc, é talvez a melhor medida de quão pouca atenção deveríamos prestar a elas. E o mesmo pode ser dito de práticas tradicionais. A tecnologia que emergiu de uma análise experimental [do comportamento] só deveria ser avaliada em compração com o qe tem sido feito a partir de outras concepções. Afinal de contas, o que temos para mostrar daquilo que foi produzidos por métodos não-científicos, ou pelo senso comum pré-científico, ou simplismente pelo bom senso, ou até mesmo pela experiência pessoal? É ciência ou nada, e a única solução para a simplificação é aprender a lidar com complexidade (p. 160).

Ele prossegiu reconhecendo que a análise comportamental, como qualquer outra ciência, não pode responder a toda e qualquer questão que lhe seja colocada. À medidaque progride, entratanto consegue responder a um número cada vez maior dos problemas que lha são colocados:

A ciência do comportamento não está ainda pronta para resolver todos os nossos problemas, mas é uma ciência em desenvolvimento, e sua adequação última não pode ser avaliada agora. Quando seus críticos afirmam que ela não pode explicar esse ou aquele aspecto do comportamento humano, eles normalmente deixam implícito que ela nunca poderá ver a fazê-lo, mas a análise continua e se desenvolver e de fato está em um estágio muito mais avençado do que seus críticos geralmente supõem (p. 160).

Uma segunda objeção equipara planejamento com interferência. Inovações pouco inteligentes poderiam levar a catástrofes: tentaremos uma experiência, não seremos capazes de prever suas consequências, e produziremos mais mal do que bem. Assim, em vez de assumir o risco de consequência imprevisíveis, seria melhor deixarmos as coisas como estão e deixar que os eventos sigam o custo que bem lhes parecer. Skinner respondeu a essa postura mostrando que "o não planejado também dá errado". Se nos abstemos de intervir, deixamos nosso destino ao acaso. Isso pode ter funcionado bastante bem no passado, mas em um mundo em que nossas ações ameaçam nossa própria existência, seria irresponsável sentar-se à espera de que as coisas "se ajeitem".

A comunidade Walden Two de Skinner inclui um grupo de Planejadores, cada um dos quais serve durante determinado mandato. Eles avaliam as práticas existentes na comunidade com base nas informações que recebem dos Gerentes, cada um dos quais está ligado a um determinado grupo de trabalho - saúde, produção de leito e derivados, preparação de comida, cuidados com as crianças, e assim por diante. Os Gerentes coletam os dados; os Planejadores os analisam. Usando esses dados, Os Planejadores decidem quais práticas funcionam, quais poderia ser melhoradas e que novas práticas deveriam ser postras à prova.

Os Planejadores são especialistas, eles devem ter passado por um treinamento em avaliação e planejamento de inovações. Um governo responsável confia em especialistas para sugerir soluções a problemas complexos. Tal como ocorre com problemas como o estabelecimento de padrões para a construção de pontes ou a avaliação de um novo medicamento, assim também ocorre com problemas comportamentais, como poluição e crime - as soluções demadam especialistas. Os analistas de comportemanento estão sendo chamados cada vez mais para planejarem práticas a serem utilizadas em escolas, prisões e hospitais. À medida que se tornam úteis, seu papel pode crescer.

Uma terceira objeção dá ao planejamento o significado de estagnação. O planejamento produzirá um ambiente estultificante, sem espaço para inovações. Como discutimos antes, esse ponto de vista interpreta erroneamente a palavra "planejar". Uma das forças da abordagem experimental é que ela se encoraja na inovação. Qualquer acaso feliz pode ser explorado, e qualquer proposta nova, que seja promissora, pode ser experimentada, Deveríamos confiar apenas em acasos felizes?

Uma outra objeção, relacionada à anterior, vê no planejamento o caminho para a padronização e uniformidade. Se determinados estilos de roupa ou de preparo de alimentos fossem considerados os melhores, então todo o mundo seria obrigado a segui-lso. Só os produtos dados como os melhores poderiam estar à venda nas lojas. Esse medo de desconsidera suas própria bases, o valor da diversidade, da variablidade. A historia da civilização ocidental nos ensina que as pessoas são amis felizes quando podem escolher. A diversidade de que desfrutamos hoje não só pode ser preservada por um planejamento adequado, mas poderia ser aumentada. Se a diversidade tem valor, podemos criar um planejamento para que ela ocorra.
Continua na proxima postagem as objeções
Postado por Ítalo Sobrinho
Escrito por William M. Baum
Livro: Compreender o Behaviorismo

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