Disfunção Erétil (impotência): definição, causas e tratamento

Fábio Augusto Caló
Publicado em: 04/03/2005



Sexo é vida, afirma a campanha publicitária de uma clínica médica na mídia. Desde 1998, após o lançamento do primeiro medicamento administrado por via oral para tratamento da disfunção erétil, também conhecida como impotência, homens têm conseguido melhorar seu desempenho sexual. No entanto, muitos destes, adultos jovens entre vinte e trinta anos, passaram a viver a ansiedade de não “funcionarem” sexualmente sem suas pílulas “milagrosas”. A despeito da melhoria no relacionamento sexual com suas parceiras após o consumo do medicamento, não há a superação de seus medos/temores de desempenho, do tédio na relação conjugal, ou da superação de episódios históricos que tenham causado o primeiro episódio de impotência. Viagra, Cialis e Levitra têm seus méritos, mas não podem ser entendidos como tratamento completo para a disfunção erétil. O presente artigo tem o objetivo de apresentar uma definição de disfunção erétil, apresentar suas causas e propor um tratamento para o problema que apresenta uma incidência considerável nos dias atuais.

Disfunção Erétil, Impotência: O que é?

Perder a ereção na hora “H” é o que define a disfunção erétil? Segundo Ballone (2003), a disfunção erétil (impotência) é a incapacidade de se obter ou manter uma ereção adequada para a prática da relação sexual. O autor salienta que tal disfunção não deve ser confundida com a falta ou diminuição no "apetite sexual", nem com dificuldade em ejacular ou em atingir o orgasmo (Ballone, 2003). É importante ressaltar que, para o diagnóstico, deve-se observar a recorrência do problema e que se deve descartar o diagnóstico quando os episódios de impotência ocorrem após a utilização de substância psicoativa, como alguns antidepressivos ou álcool, que podem dificultar a ereção.

Alguns homens queixam-se da falta de ereção desde o início da relação sexual, no momento das preliminares ou jogos sexuais; outros perdem após a penetração. Pode-se experienciá-la diante de situações específicas (por exemplo, sexo com mulheres muito atraentes) e não experienciá-la em outras (mulheres pouco atraentes ou classe sócio-econômica inferior).

O homem com disfunção erétil costuma sentir ansiedade diante da proximidade da relação sexual, medo do fracasso, preocupações acerca do seu desempenho sexual e, até redução do sentimento de excitação e prazer sexual. A disfunção pode, ainda, perturbar o relacionamento afetivo-amoroso, trazendo desconfianças e desentendimentos, e conduzir ao rompimento da relação.

Diante do problema, é comum observar-se homens com verdadeiros rituais para verificarem se têm ereção. Alguns se engajam na compulsão pela masturbação para mostrarem para si mesmos que o problema não é tão grave. Pode haver, ainda, o questionamento sobre a heterossexualidade. Neste caso, por falta de informação, há a idéia errônea de que não ter ereção na presença de mulheres sugere que sejam homossexuais. Aí, muitos passam a buscar várias parceiras sexuais para se certificarem que o “problema” foi circunstancial.

A camisinha passa a ser evitada, pois o homem com disfunção erétil teme a perda total ou parcial da ereção no momento de colocá-la. Com isso, há uma probabilidade maior de contágio de DSTs – doenças sexualmente transmissíveis como AIDS.

Quais as causas da disfunção erétil?

Dados de um estudo internacional que contou com a participação da FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz, apontam que a prevalência de disfunção erétil completa ou moderada é de 34% no Japão, 22% na Malásia, 17% na Itália e 15% no Brasil. Avaliando os quatro países, essa prevalência é de 9% na faixa etária de 40 a 44 anos e sobe para 54% entre homens de 65 a 70 anos de idade.

Como muitos outros transtornos, a disfunção erétil pode ter como causa fatores biológicos, psicológicos e/ou sociais. Os fatores biológicos são neuropatia diabética, arterosclerose, cardiopatias, hipertensão e outras.

Quanto aos fatores psicológicos e sociais, pode-se destacar a ampla aprendizagem que a pessoa tem sobre sexo. Destaca-se a aprendizagem sobre o que o sexo representa na vida, a importância da relação sexual satisfatória, o comportamento governado por regras como “Homem que é homem não nega fogo!”, ou “Homem de verdade tem que comparecer!”. Some-se a isto experiências sexuais desagradáveis como aquelas em que a parceira desqualifica o desempenho sexual do homem. Uma vida orientada para a produção de resultados no contexto profissional pode ser contexto propício para a disfunção erétil. Executivos de empresas, indivíduos com cargo de chefia no setor privado, ou profissionais de quem seja exigido desempenho elevado e constante podem estar muito preocupados com o trabalho a ponto de não conseguirem relaxar e se concentrar na relação sexual, o que dificulta ou impossibilita a ereção.Tais homens podem ter um desempenho ainda pior diante dos momentos de instabilidade nos negócios.

Qual o tratamento?

A disfunção erétil tem tratamento, podendo ser curada. Quando são descartadas as causas orgânicas, doenças e processo natural de envelhecimento, indica-se a psicoterapia comportamental como forma da pessoa buscar o entendimento do que produz a sua disfunção erétil, bem como enfrentar o problema em curto prazo e solucioná-lo. A psicoterapia pode ser individual ou de casal. O psicoterapeuta é o profissional indicado para definir a melhor estratégia de intervenção. Técnicas de terapia sexual podem ser ensinadas ao indivíduo ou casal, para que ele(s) as utilize(m) nos momentos de interação. A psicoterapia objetiva mudança em todos os níveis: comportamentos, pensamentos e emoções/ sentimentos. Isso quer dizer que não é funcional haver a recuperação da ereção, mas permanecer uma ansiedade constante e preocupação durante a relação sexual.

Diante do problema, algumas orientações podem ser úteis:

1- Busque o acompanhamento profissional psicológico ou médico para um diagnóstico preciso e para o tratamento adequado;
2- Não mantenha o “problema” sexual como foco! Diminua a cobrança para os resultados rápidos e explore outras atividades no seu relacionamento, tais como atividades culturais (cinema, teatro);
3- Embora a medicação possa ser indicada num determinado momento, ela não substitui uma relação sexual natural. Questione seu médico sobre a necessidade de manter a utilização do medicamento;
4- Aprenda a dizer “não” quando estiver cansado ou não estiver com desejo sexual. O homem tem o direito de negar sexo à sua parceira;
5- Diante da relação sexual, envolva-se ao máximo com a parceira, buscando preliminares e jogos sexuais que tragam prazer a você;

Sexo faz parte da vida, assim como o envolvimento emocional, o afeto, a cumplicidade, a desinibição no relacionamento a dois. Por isso, tão importante quanto manter a ereção numa relação sexual é mudar hábitos, pensamentos e sentimentos para buscar uma vida saudável na interação com sua parceira.

Palavras-chave: Impotência sexual, disfunção erétil, problemas sexuais, terapia sexual.

Referências

Ballone, G.J. (2003) - Tratamento da Disfunção Erétil (Impotência Sexual) - in. PsiqWeb, Internet

FIOCRUZ (2005) – Fundação Oswaldo Cruz - http://www.fiocruz.br/
InPA - Instituto de Psicologia Aplicada
E.mail para contato: clinica@inpaonline.com.br
Fone: (61) 3242-1153

Postado por Ítalo Sobrinho

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