Transtorno do Pânico: o que é, causas e tratamento




Transtorno do Pânico: o que é, causas e tratamento
Adriana de Oliveira

Publicado em: 6/3/2005

O transtorno de pânico, anteriormente chamado de síndrome do pânico, é entendido como um conjunto de alterações fisiológicas, comportamentais e emocionais. Os chamados ataques, ou crises de pânico caracterizam-se por reações súbitas e intensas do sistema nervoso simpático que desencadeiam taquicardia, dificuldade de respirar, boca seca, tremores, sudorese, tonteira, vertigens, pernas bambas, náusea, formigamento, medo de perder o controle, desmaio, terror (sensação de que algo terrível irá acontecer) e medo de morrer. Os ataques têm seu ápice por volta de dez minutos após o início, podendo durar até uma hora.

Por vezes, o transtorno do pânico se apresenta associado a outros transtornos, como de ansiedade generalizada ou especifica (como agorafobia), depressão, transtorno obsessivo compulsivo (Ver NIMH - National Institute of Mental Health). De acordo com alguns relatos de clientes que iniciam o tratamento, os ataques surgem aparentemente "do nada", como pode ser visto a seguir:

"De repente, eu senti uma terrível onda de medo, sem nenhum motivo. Meu coração disparou, tive dor no peito e dificuldade para respirar. Pensei que fosse morrer."

De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental do EUA, entre 2 e 4% da população mundial sofre com o transtorno de pânico. A prevalência é maior nas mulheres, numa proporção de 2:1 em relação aos homens. Os primeiros ataques, geralmente, são visto no final da adolescência e inicio da vida adulta, mas os riscos de se ter um ataque de pânico não se restringe a estas faixas etárias.

As histórias típicas das pessoas que tiveram ataques de pânicos são de uma vida normal até a ocorrência do primeiro ataque. Depois disso, suas vidas pessoais, profissionais e afetivas ficam comprometidas (Bernik e Range, 2001). Isso porque os lugares em que ocorreram os ataques de pânico, normalmente, passam a ser evitados, o que leva a restrições importantes quanto às atividades profissionais e pessoais.

"Tenho tanto medo. Toda vez que me preparo para sair, tenho aquela desagradável sensação no estômago e me aterrorizo pensando que vou ter outra crise."

É nesse momento que outros problemas comportamentais podem surgir, tais como, depressão, ansiedade generalizada, agorafobia, ou uso indiscriminado de psicotrópicos.

Fatores influenciadores

As causas dos ataques de pânico estão relacionadas, principalmente, a fatores ambientais/históricos (acontecimentos ao longo da vida) e sócio-culturais. Os fatores filogenéticos não explicam os acontecimentos, visto que as reações do sistema nervoso simpático, que surgiriam, geralmente, diante de perigos reais, aparecem em situações que não existe perigo. Assim, compreender a história de vida daquele que tem o transtorno do pânico é fundamental para o seu tratamento. Normalmente, as pessoas que sofrem de ataque do pânico costumam apresentar muitos aspectos em comum (Bernik e Range, 2001):

a) são pessoas extremamente produtivas no nível profissional;

b) costumam assumir uma carga excessiva de responsabilidades e afazeres;

c) são muito exigentes consigo mesmas e não convivem bem com erros ou imprevistos;

d) são perfeccionistas com excessiva necessidade de estar no controle e de ter a aprovação dos outros;

e) têm tendência a se preocupar demais com os problemas do dia a dia;

f) possuem alto nível de criatividade;

g) possuem auto-expectativas extremamente altas e tem fortes regras;

h) não sabem diferenciar seus sentimentos; e

i) tem uma grande tendência à não perceber suas necessidades físicas.

Outras características que têm sido observadas naqueles que desenvolveram o transtorno são a privação afetiva, a dependência emocional e a passividade nas relações interpessoais.

Tratamento indicado

Muitas pessoas com o transtorno de pânico acreditam que as crises podem ser passageiras e circunstanciais, não buscam e/ou não recebem apoio da família e demoram a procurar tratamento especializado. Essa demora compromete o quadro, produzindo aumento na freqüência dos ataques/crises, bem como o aumento das limitações na vida da pessoa. Além disso, por não saberem qual profissional procurar e por não entenderem as reações físicas que estão sentindo, procuram os prontos-socorros, onde nem sempre há um profissional de saúde que pode apresentar um diagnóstico preciso.

O acompanhamento médico pode ser necessário, todavia a psicoterapia, com destaque para terapia comportamental, tem se mostrado extremamente eficaz no tratamento de indivíduos com transtorno do pânico. A terapia comportamental - TC - objetiva a promoção de auto-conhecimento, levando a pessoa a compreender eventos na sua vida que desencadeiam e/ou mantém o pânico. Além disso, a TC dispõe de técnicas para expor a pessoa a situações que desencadeariam o pânico, lenta e gradualmente, de forma que haja uma dessensibilização para o local "temido", ensinando-o a enfrentar suas limitações de forma menos estressante. Nesta terapia, é enfatizada a importância de se aprender a colocar limites nas relações interpessoais, entender que não se deve viver para agradar outras pessoas e que não se deve sentir responsável por todos e por tudo. Vale ressaltar que a pessoa pode, paralelamente à psicoterapia, se engajar no tratamento medicamentoso, mas se esta não mudar seus comportamentos, e o contexto que a levou e/ou mantém suas crises, a tendência é que o problema persista.

O transtorno de pânico quando não tratado, produz sérias conseqüências na vida pessoal, profissional e afetiva de uma pessoa.

Palavras-chave: transtorno do pânico, síndrome do pânico, ataques de pânico, transtorno de ansiedade, terapia comportamental.

Referências

Bernik, M e Range B. (2001) Transtorno de Pânico e Agorafobia. Em Range B. (Org.), Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais. Porto Alegre: ArtMed Editora.

NIMH - National Institute of Mental Health - inhttp://www.nimh.nih.gov/publicat/anxiety.cfm

InPA - Instituto de Psicologia Aplicada
E.mail para contato:
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Fone: (61) 3242-1153

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